E a cada dia eu me maqueio, o máximo que puder, e todos me notam, alguns elogios aqui, uns olhares tortos dali... Mas na verdade ninguém percebe, ninguém é capaz de enxergar alem de uma simples aparência. Achei que isso ajudaria na minha farsa, a farsa de fingir que estou bem.

E um simples abraço ou aperto de mão não vai resolver nada. Eu não estou bem, faz tempo que estou fingindo, e eu cansei, fuck you. Hoje começarei a refazer a minha fortaleza, que na verdade acho que nunca deveria ter sido quebrada. Não quero me importar mais com ninguém. Quero um coração frio, nada mais.

Preciso escapar,

Você não sabe o que se passa dentro dessa cabeça aqui, das revoluções e transformações que acontecem todos os dias da minha vida, o que eu passo e tento melhorar. A agonia que eu vivo passando.
Essa minha rotina que a cada dia me mata. Todos os dias andar por um percurso longo, ver pessoas das quais nunca viu e chegar onde eu só ouço comentários sobre a minha pessoa, onde as pessoas zombam de mim, sem ao menos saber o que eu sou e o que quero.
Andar com pessoas que me despertaram a amizade, não é procurar pelo erro.
Não me importa que falem de mim, que abusem de mim, que me batam que me firam, mas me importaria demais, se começassem a fazer isso com as pessoas que eu amo.
O armário estava vazio, o veneno que ali ficava não estava mais.
O suicídio não é mais olhado de uma forma de fraqueza pra mim, e sim de livramento, de esquecer-se das pessoas que não valem nada, esquecer o que um dia elas foram pra mim.
Não quero acordar, não posso acordar. E se eu acordar será tarde, como sempre. Meu relógio marcará às 11h30min e terei que me arrumar, pra aquela rotina, aquela que eu falei no início. Mas algo vou querer mudar, quero ficar perambulando por aquelas ruas, pegar meu ônibus de sempre e descer uma parada que eu nunca desci aquela que eu sempre admiro todos os dias.
E quando isso acontecer, estarei com minha carteira... Ficarei lá, por determinadas horas, dias, semanas, meses. Não em um só lugar, mas ficarei vagando, esquecendo quem me amou, quem me ama e quem eu não consigo jamais esquecer.
As lágrimas desabam de uma forma constrangedora, tenho vergonha dessa imagem que estou me socializando, mas também tenho vergonha de não me socializar a imagem alguma.
Não sei se me tranco no quarto, ou se transpareço uma imagem desfavorecida.
Quero ser levada daqui, quero que alguém me leve, não suporto tanta escuridão.

Anos atrás as coisas não eram assim.
Eu acreditava mais nas pessoas, no que elas me diziam, no que eu costumava ver.
Patético levar isso adiante. Até porque você não tem a certeza se o que elas sentem por você é o mesmo que sentimos, se elas agem ou não com sinceridade. Apesar de que, eu conheço cada olhar, o olhar da falsidade, da inveja, do amor, do carinho. Eu os conheço, todos.
E enquanto eu vivia num mundo isolada, onde era só eu e minha melhor amiga, hoje não é mais assim.
Frequento novos ambientes, tenho diversos tipos de personalidade... que me cansam às vezes.
A forma de agir, a forma de pensar. Por que isso? Por que só agora?
Em pleno 13 anos eu não sei o que fazer e se devo fazer. E simplesmente, não penso... não me julgo, eu faço, mesmo que segundos depois me encontre totalmente arrependida.
Antes eu achava que era louca, hoje eu tenho uma necessidade de ser sempre louca.
Meus olhos fuzilavam quando viam pessoas do mesmo sexo se beijando, outrora via alguns adolescentes se drogando.
Alguns tão lindos, cheios de vida. Mas cada um tem um porque de estar ali, cada um tem o porque de ter uma imagem tão distorcida, assim como eu.
O meu porque eu não sei exemplificar, só sei que tem um porque. De eu estar fazendo o que faço.
Isso tá ficando abusivo, absurdo, frustrante.
Sou uma louca desvairada, alguns fios do meu cabelo eu arranco desesperadamente.
E todos os meus sentimentos, tornam-se cada vez uma agressividade temível.
Eu não bato, eu não firo sentimentos, eu não destruo sonhos alheios.
Eu sou apenas agressiva, agressiva com a minha minha imagem, com o meu "eu" que não mais existe.
Ouço vozes, ouço meu coração bater aceleradamente, ouço principalmente meu pensamento gritante.
ABUSO INFERNAL!
Vocês podem sentir o que eu sinto? Vocês sabem o que é ter mais de uma personalidade?
VOCÊS ME CONHECEM?
Eu preciso que digam quem eu sou, eu preciso que digam o que eu FAÇO AQUI.
Quero que as pessoas tenham medo ao me olhar, que sintam-se enfatigados de mim.
Não posso dizer que preciso de ajuda, NÃO POSSO. Porque eu não preciso, nunca precisei.
Ouçam, ouçam só.
VOCÊS PODEM OUVIR?
Eles me dizem pra ser forte, outrora dizem pra eu me acostumar a ser fraca. Me dizem pra ser ingênua, mas também pra ser má.
Não posso ser tudo, não posso mesmo ser tudo.
Não posso querer todos e ao mesmo tempo querer nenhum.
Eu desconheço significados que meses atrás eu tinha certeza.
Desconheço o amor, a paixão, o casamento, os amigos.
Vocês todos devem parar e pensar.
- Pow, essa guria é louca, só pode.

Mas é a realidade. Embora doa, é ela que tem que prevalecer.
Preciso parar de viver papéis. Preciso saber quem sou, o que eu quero, quem eu quero.

Alucinação terrível de ter um cigarro nas mãos, de enchergar tudo preto. Onde estão as cores?
Onde estão vocês? Onde estou? Quem sou eu? O que eu faço?

Ser ou não ser, eis a questão.